A possível fusão entre o PSDB e o Podemos, já aprovada pela executiva nacional tucana, está movimentando os bastidores políticos em Goiás e provocando reações distintas entre lideranças locais dos dois partidos.
Enquanto alguns enxergam a união como um passo natural e estratégico, outros demonstram preocupação com os efeitos da aliança no contexto regional, especialmente devido às alianças políticas já consolidadas. Para o prefeito de Bela Vista de Goiás, Eurípedes do Carmo (Podemos), a fusão faz sentido em um cenário nacional de reestruturação partidária, mas pode gerar impasses no estado.
“Eu acho que é o caminho de todos os partidos. A fusão em si é importante. Agora, o que existe especificamente em Goiás – e parece que em Minas também – é que há um grupo hoje aqui muito próximo ao governador Ronaldo Caiado. E, com certeza, nessa fusão, o ex-governador Marconi Perillo vai comandar o novo partido. E é justo que ele comande. Foi governador quatro vezes. Mas essa é a dificuldade: estamos muito próximos do governador atual, fazendo parte da equipe dele”, disse o prefeito ao Jornal Opção.
Segundo Eurípedes, o obstáculo central não é a figura de Marconi Perillo em si, mas sim o reposicionamento político que a fusão exigiria de lideranças que atualmente orbitam a base do governo Caiado. “Nada contra o Marconi, mas há uma proximidade nossa com o atual governador. Essa é a dificuldade que teremos para administrar.”
Questionado sobre a possibilidade de deixar o partido caso a fusão se concretize, o prefeito foi cauteloso: “Isso é um assunto que está sendo conversado para frente. A gente tem que ver como vai ficar. Não podemos nos precipitar neste momento.”
Já a vereadora Leia Klebia, eleita pelo Podemos em Goiânia, tem uma visão mais otimista e moderada sobre a fusão. “Eu não penso em deixar o partido por conta disso, de jeito nenhum. Eu vejo que já era esperado. Aos poucos, a gente vai administrando e construindo juntos o melhor, não só para os goianos, mas também pensando nas eleições futuras aqui no município”, afirmou.
Leia reconhece que há resistências em Goiás e Minas, principalmente pela aliança do Podemos com Ronaldo Caiado, enquanto o PSDB tem como principal nome o ex-governador Marconi Perillo. Ainda assim, aposta no diálogo como caminho para superar as divergências.
“Eu entendo que são dois grandes partidos e que esses partidos podem fazer muito. Essa dificuldade talvez com um diálogo possa se resolver.” A vereadora também ressaltou que ainda não conversou diretamente com o deputado federal Glaustin da Fokus, presidente estadual do Podemos, sobre a fusão.
“Eu sei que eles já têm uma escolha política para as próximas eleições, que será o Daniel Vilela. Certamente, essas definições podem acabar contrariando o que já estava sendo articulado, mas eu não vejo com maus olhos essa fusão.”
“É muito prematuro dizer que pessoas são contrárias. São precipitações. Cada partido tem seu valor, e juntos nós podemos construir muito pelo estado e pela nossa cidade”, finalizou Leia.
A fusão entre os dois partidos ainda será formalizada em convenção nacional. Em Goiás, no entanto, o desafio será harmonizar projetos distintos em torno de uma nova configuração partidária.
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