Na semana passada, um repórter do Jornal Opção conversou com pastores de duas igrejas da Assembleia de Deus (uma das vertentes evangélicas mais respeitadas do país, por sua seriedade no tratamento da religião, das coisas de Deus, por assim dizer) a respeito da disputa para deputado federal em 2026. As eleições serão realizadas daqui a um ano e sete meses.
Os pastores disseram que a bancada evangélica de Goiás na Câmara dos Deputados tende a aumentar em 2026. Vários nomes foram citados como empáticos à causa evangélica: João Campos, Mayara Mendanha, Rafael Gouveia, Glaustin da Fokus, Fábio Sousa e Vanderlan Cardoso (há quem aposte que o senador vai disputar mandato de deputado federal).
Curiosamente, os pastores, entrevistados em ocasiões e locais diferentes — um deles no restaurante da Assembleia Legislativa de Goiás, na quarta-feira, 12, na presença de um deputado estadual —, disseram a mesma coisa: parte substantiva dos líderes da Assembleia de Deus vai migrar o apoio do deputado federal Glaustin da Fokus (Podemos) para o ex-deputado federal João Campos (Podemos).
Qual o motivo que explica a possível mudança? De acordo com os pastores, como deputado federal, em vários mandatos, João Campos representou o mundo evangélico “com mais presteza”. Eles admitem que Glaustin da Fokus é evangélico, mas postulam que seu maior interesse parece ser o “mundo empresarial”, e não a defesa das causas dos religiosos.
Os pastores da Assembleia de Deus apreciam o “conservadorismo total e permanente” de João Campos, e não apreciam o que chamam de “conservadorismo de ocasião” de Glaustin da Fokus.
“Admito que Glaustin não é um deputado ruim e tem a ver com as lutas evangélicas. Mas é preciso considerar que João Campos é mais presente e firme tanto na luta pelas causas religiosas quanto em termos de segurança pública”, insiste o pastor mais velho e experimentado. “Glaustin parece representar mais os próprios interesses e os interesses dos empresários. Ele precisa ouvir mais as lideranças evangélicas, notadamente da Assembleia de Deus.”
O segundo pastor, mais jovem e igualmente respeitado, pondera: “Glaustin é um bom deputado, admito. Mas não tem a estatura de João Campos. Vamos ficar com o mais ‘evangélico’ e não com o mais ‘empresário’”.
Os dois pastores concluem que parte significativa dos líderes da Assembleia de Deus se impôs uma missão: “devolver” João Campos ao Parlamento federal. “É uma missão, a nossa missão”, postula um dos pastores. (E.F.B.)